1404 – AGÊNERES
Uma pergunta que muitos irmãos espíritas militantes não sabem responder: O que é um agênere? Para toda minha gente amada, respondo: é uma aparição em que o desencarnado se reveste de forma mais precisa, das aparências de um corpo sólido, a ponto de causar completa ilusão ao observador, que supõe ter diante de si um ser corpóreo.
Esse fato ocorre devido à natureza e propriedades do perispírito que possibilitam ao Espírito, por intermédio de seu pensamento e vontade, provocar modificações num corpo espiritual a ponto de torná-lo visível.
Há uma condensação (os Espíritos usam essa palavra a título de comparação apenas) tal, que o perispírito, por meio das moléculas que o constituem, adquire as características de um corpo sólido, capaz de produzir impressão ao tato, deixar vestígios de sua presença, tornar-se tangível, conservando as possibilidades de retomar instantaneamente seu estado etéreo e invisível.
Para que um Espírito condense seu perispírito, tornando-se um agênere, são necessárias, além da sua vontade, uma combinação de fluidos afins peculiares aos encarnados, permissão, além de outras condições cuja mecânica se desconhece. Nesses casos, a tangibilidade pode chegar a tal ponto que é possível ao observador tocar, apalpar, sentir a resistência da matéria, o que não impede que o agênere desapareça com a rapidez de um relâmpago, através da desagregação das moléculas fluídicas.
Os seres que se apresentam nessas condições não nascem e nem morrem como os homens; daí o nome: agênere – do grego: a privativo, e géine, géinomai, gerado: não gerado, ou seja, que não foi gerado.
Os agêneres, embora possam ser confundidos com os encarnados, possuem algo de insólito, diferente. O olhar não possui a nitidez do olhar humano e, mesmo que possam conversar, a linguagem é breve, sentenciosa, sem a flexibilidade da linguagem humana. Não permanecem por muito tempo entre os encarnados, não podendo se tornar comensais de uma casa, nem figurar como membros de uma família.
Transcrevemos a seguir um exemplo extraído da Revista Espírita de 1859 – Fevereiro (EDICEL):
“Uma pobre mulher estava na igreja de Saint-Roque em Paris, e pedia a Deus vir em ajuda de sua aflição. Em sua saída da igreja, na rua Saint-Honoré, ela encontrou um senhor que a abordou dizendo-lhe: “Minha brava mulher, estaríeis contente por encontrar trabalho? – Ah! Meu bom senhor, disse ela, pedia a Deus que me fosse achá-lo, porque sou bem infeliz. – Pois bem! Ide em tal rua, em tal número; chamareis a senhora T…; ela vo-lo dará.” Ali continuou seu caminho. A pobre mulher se encontrou, sem tardar, no endereço indicado – Tenho, com efeito, trabalho a fazer, disse a dama em questão, mas como ainda não chamei ninguém, como ocorre que vindes me procurar? A pobre mulher, percebendo um retrato pendurado na parede, disse: – Senhora, foi esse senhor ali, que me enviou. – Esse senhor! Repetiu a dama espantada, mas isso não é possível; é o retrato de meu filho, que morreu há três anos. – Não sei como isso ocorre, mas vos asseguro que foi esse senhor, que acabo de encontrar saindo da igreja onde fui pedir a Deus para me assistir; ele me abordou, e foi muito bem ele quem me enviou aqui.”
O Espírito São Luiz consultado a respeito, forneceu instruções muito interessantes:
Reafirma: – não basta a vontade do Espírito; é também necessário permissão para ocorrer o fenômeno.
Existem, muitas vezes na Terra, Espíritos revestidos dessa aparência.
Podem pertencer à categoria de Espíritos elevados ou inferiores.
Para quem gosta de romances espíritas, uma boa dica: O agênere, Robson Pinheiro (psicografando o Espírito Ângelo Inácio), Contagem MG, Casa dos Espíritas, 2015, 379 p. Um romance que envolve energia, poder, ambição, dinheiro e glória.
Um texto muito bem escrito. Digno de elogios e recomendações.
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social