1403 – MULHERES EMPREENDEDORAS NOTÁVEIS


Concluindo a leitura da biografia de uma mulher pra lá de arretada intelectualmente, Jennifer Doudna, Prêmio Nobel de Química de 2020, pelas notáveis pesquisas que a levaram ao CRISPR, termo usado frequentemente ao acoplamento dele com o sistema Cas9, que enseja a deleção seletiva do DNA, aplaudo com entusiasmo o empoderamento intelectual das mulheres nos últimos decênios mundiais.

A trajetória existencial de Jennifer Doudna merece ser lida e muito curtida pelas jovens que desejam ingressar na estrada da pesquisa, principalmente nos tempos pós-pandêmicos, quando a Ciência ampliará muito suas descobertas.

O livro A decodificadora: Jennifer Doudna, edição de genes e o futuro da espécie humana, Walter Isaacson, Rio de Janeiro, Intrínseca, 2021,  576 p., “examina uma das tecnologias biológicas mais disruptivas do nosso tempo e os personagens que ajudaram a criá-la. Um livro brilhante e uma leitura absolutamente necessária para a nossa era”, um testemunho expresso na contra-capa.

E aqui também rendo minha homenagem a brasileiras que dignificam o gênero, dando uma resposta amplamente positiva para aquelas que apenas rabolatram histericamente, sem juntar logicamente coisa com coisa, apenas as pernas vez por outra, para dormir. Vejamios duas delas, a ordem nada tendo de significante:

Rosa Maria Marques, economista, PhD pela Fundação Getúlio Vargas, professora titular da PUC-SP e atual presidente da SEP – Sociedade Brasileira de Economia Política. Seu ensaio A Economia Brasileira e a Crise da Covid-19 ressalta que o mundo parou com a pandemia, provocando a maior recessão da história do capitalismo planetário.

Soleni Biscouto Fressato, historiadora e socióloga, PhD em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia. Sua análise sobre A Notícia como Arma Politica: o Protagonismo do Jornal Nacional durante a Pandemia analisa as críticas  ao Governo Bolsonaro, a partir dos informes emitidos diariamente pelo Jornal Nacional da TV Globo, é merecedora de aplausos.

Somente com a imensa intuição feminina se poderá vencer as complexidades advindas de uma pós pandemia dotada de amplas reestruturações. O desenvolvimento eficaz dos Recursos Humanos do planeta será o principal indicador que efetivará as necessárias mudanças. E os líderes públicos e empresariais dos quatro cantos do mundo deverão principiar a perceber que RH é o único fator de produção que continuará  insubstituível nos futuros. Apesar dos avanços extraordinários da informática e da robotização, posto que ambas jamais se desvincularão dos neurônios criativos dos gêneros da raça humana.

Percebe-se atualmente que inúmeros homens de empresa, os mais lúcidos naturalmente, já estão investindo eficazmente na mais estratégica área desta crise pandêmica, a de Recursos Humanos. O abandono de uma política agressiva de capacitação em Recursos Humanos é passaporte seguro para a guilhotina. Segundo dados recentemente divulgados, até poucos anos uma em cada cinco empresas da Fortune 500 se retrairá ou se reestruturará. De uma relação de 1979, 37% não mais existem, diluindo-se nesse vagalhão 50% dos varejistas, todos desatentos às transformações mundiais que breve se reiniciarão, onde a criatividade, a competência e o empreendorismo se situarão inúmeros pontos acima do apenas financeiro.

A empresa moderna necessita ser flexível às mudanças velocíssimas que se estarão processando mundo afora, através de uma capacitação profissional consistente e contemporânea, desenvolvida por uma área de Recursos Humanos comprometida muito além dos apenas recursos digitais, mediante uma competitividade indutora, que promova a empresa através de gerenciamentos sedutores, adeptos da teoria do “quanto melhor, melhor”, positiva, jamais negativista, voltada para amanhãs menos desiguais para todos. Sem preconceitos nem discriminações de espécie alguma.

Num contexto de radicais mudanças, a promoção revitalizadora do Ser Humano se torna uma questão de sobrevivência societária. Muito furos acima da ampliação dos níveis de escolaridade, exigir-se-á dos novos gestores talento e sensibilidade, compromisso e compreensão, visão futura e o dever de jamais tornar rotina o que vem sofrendo alterações cênicas contínuas,  a ninguém sendo permitido esconder-se por detrás de passados que não mais retornarão.

Analisar os novos horizontes do conhecimento é prova de fidelidade a um futuro que já está aboletado entre nós. De tal fenômeno somente não enxergando quem teima em continuar abulicamente vivendo na idade da pedra lascada, ainda que portando telefone smartphone 5G e dirigindo motores importados. Tal e qual aqueles vivenciados no filme-parábola Planeta dos Macacos.

Uma Agenda Pós Pandemia para empresários e setores públicos estabelecerem caminhares estratégicos com fins “sobrevivenciais”, eis a razão maior da iniciativa. Os primeiros deles, dos micros aos macros empreendimento, ampliando a capacidade de andar com as próprias pernas. Os segundos, sem populismos, buscando integrar mais qualitativamente a máquina pública aos interesses comunitários mais legítimos.


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social