1397 – SEMENTES DE RENOVAÇÃO CONTINUADA


Fico desolado ao constatar o crescente desânimo das pessoas diante das turbulências causadas por uma pandemia mundial estupidamente mal combatida em algumas regiões. Também cretinamente indutora de lucros autofágicos em outras, além de múltiplas verborreias que iludem os mais desatentos do pedaço, Tudo consequência de uma incapacidade planetária de solidarizar-se  sem fingimentos com os menos favorecidos.  Também resultado de um perverso individualismo que nulifica uma militância de combate, sem medo nem ódio, às iniciativas que sempre consolidam, ampliando, as desigualdades e preconceitos do planeta.

Como cristão espírita dos quatro costados e transecumênico por derradeiro, recomendo aos desanimados algumas leituras meditativas. Que inspirem paz, saúde, felicidade, compreensões intelectuais e novas disposições para travar um combate sem esmorecimentos em áreas de atuação pessoal e profissional, pela construção de um mundo mais digno para todos, sejam quais forem suas raças, gêneros, classes sociais, crenças, ideários democráticos e escolaridade. Leituras libertadoras para interiores temerosos, indecisos, alienados, nada objetivos e pouco conscientes acerca das realidades planetárias atuais.

Outro dia, final de dezembro 2019, numa reunião, o coordenador indagou sobre a figura mais importante da história da humanidade. A unanimidade recaiu sobre Jesus Cristo, nosso Irmão Libertador. Em seguida, ele perguntou sobre os livros que cada um tinha lido nos últimos dois anos sobre tão notável personagem. Aí o curto-circuito aconteceu: apenas dois dos vinte e seis presentes, todos de nível superior, haviam lido algumas páginas de livros pouco analíticos, infantilmente apologéticos, apropriados para mentes desarticuladas das exigências de um cristianismo que deveria ser cativante e efetivamente evangelizador, sem fobias nem vitimismos, execrados os fundamentalismos psicóticos.

O coordenador, um jovem de pouco mais de cinquenta anos, dialogal por derradeiro, indicou alguns textos que poderiam consolidar uma compreensão mais robusta sobre o Filho de Deus. Um deles, um trabalho formidável do historiador francês Jean-Christian Petitfils, PhD em Ciência Política, intitulado Jesus: a biografia, SP, editora Benvirá, 2015. E esclareceu que o livro busca oferecer respostas para questionamentos que envolvem um personagem que é adorado por um terço da humanidade, situado na origem da religião mais difundida do planeta, tronco comum para católicos, evangélicos, anglicanos, entre outros. E também para os da Doutrina Espírita, posto que Allan Kardec sobre Jesus é categórico: “Jesus representa o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque, sendo Jesus o ser mais puro que já apareceu na Terra, o Espírito Divino o animava”.

Atualmente, inúmeros crentes e descrentes estudam a notável figura histórica do Nazareno, multiplicando-se as análises sobre Ele, principalmente nos Estados Unidos, onde pesquisas amplas favorecem a fascinação das comunidades com indagações as mais diferenciadas: Foi Ele o verdadeiro fundador do Cristianismo? Será que, com o passar do tempo, alteraram seus discursos? Será que utilizaram fraudulentamente as mensagens de amor e de fraternidade por Ele deixada? Como seus adeptos se multiplicaram e por que eles se dividiram? Como seria o ambiente histórico, cultural e político da Palestina daquele tempo? Como aconteceu o processo romano e qual a função exercida por Pôncio Pilatos, o único personagem citado num Credo Apostólico? Qual o valor histórico dos evangelhos apócrifos e qual a autenticidade dos textos do historiador Flávio Josefo? E o Santo Sudário teria realmente acontecido? E o Nazareno era essênio?

Uma leitura sedutora, compreensível e sedutora, elaborada sensatamente para dar testemunho de um fato histórico inesquecível de um Ser Humano por quem sou integralmente apaixonado.

Para os desanimados da época, foi recomendada uma leitura que muito me auxiliou nos meses seguintes, fortalecendo esperanças múltiplas quando do surgimento entre nós, março 2020, do surto COVID-19, uma “pandemia pra lá de mortalmente escrota”, segundo um dos porteiros do prédio onde resido. Eis o indicado:

Pensamentos que ajudam, José Carlo de Lucca, São Paulo, Interlítera Editora, 2016, 249 p.

O autor, nascido em 1961, é juiz de direito em São Paulo, desde 1989. Seus livros já venderam mais de 1 milhão de exemplares.

O autor nos ensina a largar as pedras, apreciar as pérolas, sempre buscando cura para as feridas da alma, percebendo sempre que paz não é inercial, tampouco mera contemplação. Mas uma maneira sadia de retirar do mundo as sujeiras morais que empestam as civilizações atuais,  favorecendo os mandos e desmandos de dirigentes incultos e totalitários recheados de fingidos sadios propósitos.

Recordemos Chico Xavier: “Um livro de paz e fraternidade, compreensão e fé, segundo o nosso caro Emmanuel, é sempre uma coleção de sementes de renovação e esperança que se entrega ao solo mental do mundo.”


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social