1392 – CONHECENDO SONHOS E BALIZANDO AMANHÃS
Com a vacinação em aplicação inicial nos quatro cantos do planeta, embora ainda manquitolando em alguns países por absoluta incompetência dos seus dirigentes, alguns até sem um mínimo de compostura comportamental, faz-se necessário principiar a arquitetar os amanhãs planetários, implementando utopias e efetivando a execução de estratégias adiadas, sempre atentando para não copiar ontens que deverão ser defenestrados, apenas recordados para servir de exemplos de nenhum respeito.
Para os que ainda não atentaram para leituras que ampliem criatividade, multipliquem empreendimentos e consolidem sonhos acalentados, encareço a atenção de todos para três leituras que muito reestruturarão interiores mentais, proporcionando caminhadas pessoais e profissionais mais solidárias, mais humanistas e nada autofágicas. Ei-las:
1. Utopias latino-americanas: política, sociedade, cultura, Maria Ligia Prado (org), São Paulo, Contexto, 2021, 416 p.
No Prefácio de Fabiana de Souza Fredrigo, o objetivo: “Os textos deste livro esquadrinham os porquês de a utopia não poder ser apreendida como sinônimo de ilusão, apartamento ou exclusão. Ao restituir á utopia a veste temporal, os autores reconhecem-na entranhada em nossas construções político-culturais, emprestando a essas sentido e orientação. Se dos projetos utópicos emerge o desvio, sentenciam a utopia a uma pena injusta. Ao contrário disso, exercitam a compreensão, trazendo a contingência para o campo histórico.”
O livro é estruturado nas seguintes partes: Utopias étnico-raciais e de gênero; Utopias do conhecimento; Utopias, representações e imaginários; Utopias políticas; Utopias da integração e da identidade latino-americana.
Partes que poderiam ser explicitadas em sessões on-line pela Universidade de Pernambuco, com expositores notáveis e debatedores das suas áreas acadêmicas, favorecendo a emersão de monografias de final de curso consagradoras, beneficiando uma profissionalidade melhor consolidada.
2. O novo Iluminismo: em defesa da razão, da ciência e do humanismo, Stefen Pinker, São Paulo, Companhia das Letras, 1ª. ed., 2018,686 p.
O autor é docente da Universidade de Harvard, USA, aclamado como um dos principais cientistas cognitivos do mundo.
O livro defende a razão, a ciência e o humanismo como ideias que necessitamos para enfrentar os desafios que emergirão em nossos amanhãs.
O autor ainda explica: “O princípio iluminista de que podemos aplicar a razão e a solidariedade para aprimorar o desenvolvimento humano pode parecer óbvio, banal, antiquado. Mais do que nunca, os ideais da razão, da ciência, do humanismo e do progresso necessitam de uma defesa entusiasmada.”
O livro se compõe de três partes: I – Iluminismo; II – Progresso; III – Razão, Ciência e Humanismo.
O Pinker em seu livro arretado de ótimo ratifica integralmente algumas reflexões do duque de La Rochefoucauld (1613-1680). Ei-las:
“A ambição mais exacerbada não dá o menor sinal de si quando se encontra na impossibilidade absoluta de chegar onde deseja.”
“O finório habitual é dono de pequeno espírito e, ao cobrir-se de um lado por astúcia, quase sempre se descobre do outro.”
“Não podem as pessoas fracas ser sinceras.”
“O tolo não tem o estofo bastante para ser bom.”
“Há loucuras que se contraem como doenças contagiosas.”
3. No rumo do mundo de regeneração, Divaldo Franco (pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda), Salvador Ba, LEAL, 2020, 320 p.
Nas páginas psicografadas pelo famoso médium baiano, o leitor antenado acompanhará a jornada empreendida por dezenas de benfeitores espirituais na preparação de uma reestruturação mundial mais digna para todos.
No livro, uma tremenda bofetada nos incultos autoritários negacionistas que se imaginam donos da verdade, quando não passam de personagens psicopatas eleitos em decorrência de corrupções praticadas por uma “esquerda” alucinadamente obsessiva por ganhos ilícitos:
“A ânsia de domínio na política, na sociedade, na economia, infelizmente tem facultado condutas insanas e desonestas, empurrando as massas desventuradas sempre em volume mais expressivo para a miséria absoluta. Totalmente desconhecidos, e quando são vistos ou aparecem nas comunicações, são desrespeitados ou ali se encontram em razão dos absurdos de que são vítimas, dos crimes que lhe dão vida ou em clamor por misericórdia, por justiça, sob os camartelos do sofrimento exagerado.”
Páginas que induzem reflexões e reformas interiores, favorecendo a rejeição dos egotismos que apenas desejam levar vantagem em tudo.
4. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, Edgar Morin, São Paulo, Cortez,/Unesco, 2020, 102 p.
A Unesco, promoveu, em dezembro de 2020, a 8ª. reimpressão da 2ª. edição revisada do livro acima, proporcionando uma oportuna releitura aos educadores brasileiros mais alinhados com os novos desafios que serão impostos à humanidade após a pandemia do COVID-19, que, no Brasil, vitimou milhares e explicitou as incompetências propositivas de presidente, ministros, governadores e outras autoridades travestidas de aptas para a governança.
Os sete saberes elaborados pelo Morin são explicitados nos seguintes capítulos do livro: 1. As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão; 2. Os princípios do conhecimento pertinente; 3. Ensinar a condição humana; 4. Ensinar a identidade terrena; 5. Enfrentar as incertezas; 6. Ensinar a compreensão; 7. A ética do gênero humano
Segundo Morin, “a educação do futuro deverá ser o ensino primeiro e universal, centrado na condição humana. Estamos na era planetária; uma aventura comum conduz os seres humanos, onde quer que se encontrem. Estes devem reconhecer-se em sua humanidade comum e, ao mesmo tempo, reconhecer a diversidade cultural a tudo que é humano.”
Verdade cristalina para todos os educadores responsáveis do Brasil: embora transcorridos 11 anos da Conferência realizada em Fortaleza, Ceará, ainda são necessárias inúmeras ações estratégicas do sistema educacional brasileiro que muito proporcionarão as pulsões indispensáveis que prevaleçam sobre as forças da desintegração, arquitetadas por gabinetes de ódio que apenas buscam contemplar os próprios umbigos. Que os balizamentos do livro sejam lidos, relidos, rabiscados, assimilados e postos em militância em um Brasil de amanhãs quiçá promissores.
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social