1383 – FILOSOFIA PERENE
Pesquisando no Google, verifica-se que Filosofia Perene, também chamado de Sabedoria Perene, é uma perspectiva na espiritualidade moderna que enxerga todas as tradições religiosas do mundo como compartilhadoras de uma verdade única, sendo ela metafísica ou a origem da qual todo o conhecimento esotérico e exotérico e doutrinal se desdobraram.
Antecedentes considerados perenialistas já existiam em pensadores platônicos que buscavam a unidade da filosofia, constatação feita por alguns cristãos, como em Agostinho de Hipona: “aquilo que hoje é chamado de religião cristã existia entre os antigos e nunca deixou de existir desde a origem da raça humana, até o momento em que o próprio Cristo chegou e os homens começaram a chamar de ‘cristã’ a verdadeira religião que já existia anteriormente”.
Uma interpretação mais popular defende o universalismo, a ideia de que todas as religiões, sob aparentes diferenças, apontam para a mesma Verdade. No início do século XIX, os transcendentalistas propagaram a ideia de uma verdade metafísica e universalista, que inspirou os unitaristas, que fizeram proselitismo entre as elites indianas. No final do século XIX, a Sociedade Teosófica popularizou ainda mais o universalismo, não apenas no mundo ocidental, mas também nas colônias ocidentais. No século XX, o universalismo foi popularizado no mundo anglófono por meio da Escola Tradicionalista inspirada no neo-vedanta, que defende uma origem única e metafísica das religiões ortodoxas, e por Aldous Huxley em seu livro A Filosofia Perene – São Paulo, Editora Cultrix, 1991, 343 p.- , que foi inspirado pelo neo-vedanta e a escola tradicionalista.
O perenialismo contemporâneo, orientado para os estudiosos, dá continuidade a essa orientação metafísica. De acordo com os perenialistas, a filosofia perene é “Verdade absoluta e Presença infinita”. A Verdade Absoluta é “a sabedoria perene (sophia perennis) que permanece como fonte transcendente de todas as religiões ortodoxas da humanidade.” A Presença Infinita é “a religião perene (religio perennis) que vive dentro do coração de todas as religiões intrinsecamente ortodoxas.”
Aldous Huxley propagou uma interpretação universalista das religiões do mundo, inspirada pelo neo-Vedanta de Vivekananda. De acordo com Aldous Huxley, que popularizou a ideia de uma filosofia perene com um público maior por meio da publicação de seu livro, acima citado.
A Filosofia Perene é expressa de maneira mais sucinta na fórmula sânscrita, tat tvam asi (“Isto és tu”); o Atman, ou Eu eterno imanente, é um com Brahman, o Princípio Absoluto de toda a existência; e a finalidade última de todo ser humano é descobrir o fato por si mesmo, descobrir quem ele realmente é.
Que existe uma Divindade ou Fundamento, que é o princípio não manifestado de toda manifestação.
Que o Fundamento é ao mesmo tempo transcendente e imanente.
Que é possível que os seres humanos amem, conheçam, e se tornem efetivamente identificados com o Fundamento.
Que alcançar esse conhecimento unitivo, para realizar essa identidade suprema, é o objetivo final e propósito da existência humana.
Que existe uma Lei ou Dharma, que deve ser obedecida, um Tao ou Caminho, que deve ser seguido, para que os homens alcancem sua finalidade última.
No Oriente, o filósofo Toshihiko Izutsu elaborou um esquema metódico de análise meta-histórica de diversas tradições religiosas e filosóficas comparadas, que ele chamou de “estruturalização sincrônica”. Ele foi pioneiro em articular especialmente as diversas filosofias das tradições chinesas e budistas do Leste Asiático, visando a questão da filosofia perene.
Pois em nenhum momento da história da humanidade a necessidade de entendimento mútuo entre as nações do mundo foi mais sentida do que em nossos dias… E diálogos meta-históricos, conduzidos metodicamente, serão, acredito, eventualmente cristalizados em uma philosophia perennis no sentido mais amplo do termo. Pois o impulso filosófico da Mente humana é, independentemente de eras, lugares e nações, última e fundamentalmente uno.
Para quem deseja iniciar-se nos princípios básicos da filosofia perene, uma boa leitura:
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social