1371 – TEXTOS DESPERTADORES
Para a atual juventude brasileira ainda sem muita despertação para os amanhãs planetários, salvo as exceções que dignificam a raça humana, muita enxergância causaria algumas leituras que ampliassem restauradoras conscientizações. Acerca das necessidades mundiais para ambientes dotados de uma democracia social libertadora, onde as desigualdades sociais vexatórias fossem sendo gradativamente erradicadas.
As leituras abaixo recomendadas seguramente multiplicariam consciências binoculizadoras de uma juventude que necessita se inteirar mais historicamente das atrocidades causadas por assassinos travestidos de dirigentes políticos, Hitler e Stalin, entre tantos outros.
1. O DIÁRIO DE RYWKA: ENCONTRADO EM AUSCHWITZ EM 1945, PUBLICADO PELA PRIMEIRA VEZ 70 ANOS DEPOIS, Rywka Lipszyc, São Paulo, Seguinte, 2015, 202 p.
A autora redigiu seu diário no gueto de Lódz durante o Holocausto da Polônia, encontrado em Auschwitz em 1945. Sua vida foi marcada pela tragédia, tendo perdido seus pais e dois irmãos deportados. Seu diário foi uma maneira de resistir e protestar, uma tentativa de dar sentido ao mundo do seu derredor. Preencheu à mão mais de cem páginas durante seis meses, de outubro de 1943 a abril de 1944.
O livro é um relato duro e sofrido vivenciado por uma adolescente. Mas importante de ser lido, posto que certos acontecimentos históricos jamais devem ser esquecidos.
A Introdução, de autoria de Alexandra Zapruder merece ser lido com muita atenção. Seu escrito de 2 de fevereiro de 1944 reflete uma fé inabalável: “Posso confiar em Deus sempre e em qualquer lugar, mas tenho que ajudar um pouco, pois nada acontece só por acontecer! Mas sei que Deus vai cuidar de mim! Ah, que bom que sou judia, que fui ensinada a amar a Deus. Sou grata por tudo isso! Obrigada, Deus!!” Um exemplo imorredouro de fé no Altíssimo!!
2. MINHA LUTA CONTRA HITLER, Dietrich von Hildebrand / John Henry Crosby & John F. Crosby (orgs), Campinas SP, CEDET, 2020, 342 p.
Na contracapa: “A leitura de Hildebrand nos recorda que há um único remédio contra uma ideologia de ódio: expô-la à crítica pública e afirmar categoricamente o que ela nega. A fé ardente, que inspirou Hildebrand, não é fácil de recuperar em um tempo como o nosso. Porém ele, através do seu amor à verdade e da sua corajosa oposição a uma cultura pública da fraude, deu testemunho de valores dos quaiscomungamos.”
Uma autobiografia nunca publicada pelo autor, organizada criteriosamente por pesquisadores que reconheceram que Dietrich Hildebrand (1889-1977) foi um dos poucos a reconhecer o coração perverso da ideologia nazista desde seu primeiros movimentos.
Na introdução Uma Decisão Vital, dos organizadores: “Apesar da grandeza da história de Hildebrand, seu testemunho é ainda hoje pouco conhecido. Oxalá este volume mude isto para sempre. Que sua voz seja de novo ouvida e sua coragem finalmente honrada, não só como memento e memória, mas também como alerta e fonte de espernça.”
3. OS GAROTOS DINAMARQUESES QUE DESAFIARAM HITLER, Phillip Hoose, São Paulo, Vestígio, 2020, 222 p.
Com uma dedicatória que provoca mentes e ressuscita esperanças – Para os jovens do mundo todo, que descobrem a coragem de pensar por si mesmo -, o livro conta a iniciativa de um punhado de jovens que fundaram o Clube Churchill, para resistirem à ocupação dos nazistas na Dinamarca, a partir de 9 de abril de 1940.
Uma leitura eletrizante de uma não ficção que vai seguramente agitar leitores de todas as idades, páginas de uma poderosa bravura de jovens envergonhados com as subservientes lideranças do seu país. Uma luta perdida que muito contribuiu para desencadear uma resistência generalizada por todo o país.
4. MESTRES DA MORTE: A INVENÇÃO DO HOLOCAUSTO PELA SS NAZISTA, Richard Rhodes, Rio de Janeiro, Zahar, 2003, 350 p.
Um testemunho notável de Elie Wiesel, testemunha do Holocausto, Prêmio Nobel da Paz 1986, sobre o texto: “Ler o livro de Richard Rhodes sobre os infames esquadrões de assassinato da SS é seguir até o limiar do Mal absoluto, com sua fria, calculada e aterrorizante brutalidade. O que converteu cidadãos normais, alguns deles com curso superior, em assassinos em massa de crianças e seus pais? Essa pergunta obsedante enche estas páginas de dor e angústia. Trata-se de um livro importante e de extremo impacto.”
Até o fimde 1942, dois milhões de homens, mulheres e crianças, entre judeus e não-judeus, foram mortos por fuzilamento, inanição, espancamento e outras formas de brutalidade, todos alvo da “limpeza total” empreendida por Himmler.
5. UMA NOVA HISTÓRIA DE HITLER E DOS NAZISTAS : O PESADELO DA ASCENSÃO E A QUEDA DE ADOLF HITLER
Paul Roland, São Paulo. M. Books do Brasil Editora, 2017, 230 p.
SUMÁRIO: Introdução – Uma Questão Demoníaca; 1. A Infância de Juventude de Hitler; 2. Retrato do Tirano quando Jovem Artista; 3. Influências Insidiosas; 4. Tempos Turbulentos; 5. Irrupção até o Poder; 6. O Reich dos Mil Anos; 7. A Vida Privada de Hitler; 8. Por Dentro do Reich; 9. Doutrinação e Ideologia; 10. O Caminho até a Guerra; 11. Guerra Total; 12. Punição Merecida; Linha de Tempo.
O autor vai fundo na história pessoal, na personalidade e nos distúrbios de Hitler, ressaltando o tipo de mentalidade que concebeu o Estado Nazista.
Um texto muito bem elaborado que retrata o narcisismo maligno, a psicose criminosa e as perversões praticadas por um grupo de alucinados, adorados por muitos que não pressentiam a futuridade daquelas iniciativas criminosas.
Uma oportunidade para todos, concluída a leitura do livro, efetivarem análises comparativas com outros tiranos daquela época e dos dias atuais, de todos os extremos ideológicos, binoculizando ações militantes para a efetivação de uma configuração planetária mais igualitária e fraterna.
6. TERRA NEGRA – O HOLOCAUSTO COMO HISTÓRIA E ADVERTÊNCIA, Timothy Snyder, São Paulo, Companhia das Letras, 2016, 484 p.
Um testemunho excelente sobre o livro: “Terra Negra se vale da terrível desumanidade do passado recente para defender a necessidade de repensar o futuro.” (Ian Kershaw, escritor). E o jornal The Economist consagrou o livro: “Uma impressionante revisita ao holocausto.”
O autor, notável professor de história da Universidade de Yale, conclui seu extraordinário escrito com uma recomendação que muito deveria ser lida em todas as áreas de Ciências Sociais do planeta:
“Entender o Holocausto é nossa oportunidade, talvez a última, de preservar a humanidade. Isso não basta para suas vítimas. Nenhuma acumulação de bens, por maior que seja, desfaz um mal. Nenhum salvamento futuro, por mais bem sucedido que seja, desfaz um crime no passado. Talvez seja verdade que salvar a própria vida é salvar o mundo. Mas a recíproca não é verdadeira: salvar o mundo não restitui nem uma vida perdida.”
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social