1369 – LEITURAS PÓS PANDEMIA


1. Passadas as etapas mais terrificantes da atual crise planetária, urge estruturar novas políticas sociais e econômicas para um desenvolvimento planetário mais dignificante. E uma exposição de um Prêmio Nobel de Economia 2014 sobre análise do poder e regulação do mercado pode proporcionar uma salutar correção de rumos. Seu autor? Jean Tirole, um nascido em 1953, França, diretor científico do Instituto de Economia Industrial. Um cientista que acredita piamente, segundo ele próprio, que “a economia não está a serviço nem da propriedade privada, nem dos que gostariam de utilizar o Estado para impor seus valores.”
Ele é uma raridade entre os economistas, por acreditar que se deve expressar de maneira a mais clara possível para os não-economistas, favorecendo uma compreensão compatível com as ânsias mundialmente sentidas na busca por um bem-estar social duradouro, onde interesses individuais sejam eticamente compatíveis com reivindicações majoritárias. Segundo o jornal Le Figaro, ele é “um homem pragmático que observa e antecipa ideias renovadoras”. Objetivando o estabelecimento da paz entre todas as frentes do debate econômico.
Há poucos dias, uma editora brasileira lançou o livro dele, assim intitulado:
ECONOMIA DO BEM COMUM, Jean Tirole, Rio de Janeiro, Zahar, 2020, 550 p.
Opinião do Wall Street Journal: “Uma síntese das ideias do autor sobre o papel dos economistas e do valor de suas ideias para informar governos, negócios e vida social.”

2. Para sedimentar os raciocínios elaborados no livro acima, recomendaria uma leitura complementar:
INTRODUÇÃO À ANÁLISE ARGUMENTATIVA: TEORIA E PRÁTICA, Marcus Sacrini, São Paulo, Paulus, 2016, 370 p.
Um material indispensável para inúmeras personalidades, algumas até travestidas de mandatários, incapazes de produzir falas e textos convincentes, para se fazerem entender claramente por gregos e troianos, sem bananagens, nem fingimentos hipócritas.
O autor, professor do Departamento de Filosofia da USP propõe exercícios para bem assimilar as posturas argumentativas apresentadas. Uma excelente leitura para os executivos de uma República que necessita caminhar numa contemporaneidade mais democrática técnico-social e culturalmente.
SUMÁRIO: Introdução; 1. Estrutura básica e uso dos argumentos; 2. Recursos expositivos; 3. Diagrama de argumentos; 4. Avaliação de argumentos: força inferencial; 5. Avaliação de argumentos: sentenças; 6. Avaliação de argumentos: definições e sentenças implícitas; 7. Formas argumentativas fixas; 8. Inferências sobre correlações e relações causais; 9. Falácia; 10. Controvérsias argumentativas I; 11. Controvérsias argumentativas II; Epílogo: A argumentação inserida em uma cultura racional; Resolução dos exercícios; Referências bibliográficas.

3. Para favorecer mais a leitura dos textos acima indicados, um livro que conta a história da humanidade, desde seus primórdios, há seis ou sete milhões de anos, até o amplamente proclamado globalizado século XXI. Um livro que possibilita o acompanhamento dos acontecimentos sementeiros da conjuntura atual, com suas imensas complexidades e desafios. Ei-lo:
UMA NOVA HISTÓRIA DO MUNDO, Alex Woolf, São Paulo, M.Books do Brasil Editora, 2014, 318 p.
O livro proporcionará uma melher apreensão do mundo pré-histórico, do mundo antigo, do mundo clássico, do mundo medieval, do mundo moderno, do mundo do século XIX e do mundo contemporâneo.
Uma leitura acessível e agradável, não sendo necessário qualquer conhecimento prévio.

4. Para quem é brasileiro sem fricotagens nem imitações ideológicas inconsequente ou sectárias, nada melhor do que conhecer a escalada da extrema-direita no continente europeu:
A EUROPA HIPNOTIZADA: A ESCALADA DA EXTREMA-DIREITA, Milton Blay, São Paulo, Contexto, 2019, 192 p.
O autor é brasileiro, jornalista correspondente no exterior (Europa), hoje dirigindo a rádio France Internationale, sendo Mestre em Economia e PhD em Política pela Universidade de Paris 3.
Um livro muito bem escrito, onde ele se inspira numa reflexão acontecida no Rórum de Paris pela Paz, em novembro de 2018:
“A paz não é apenas a interrupção da guerra. É tudo que ajuda a baixar as tensões internacionais: a cooperação que atenua a concorrência pelos recursos raros, as instituições que canalizam as rivalidades entre potências e permitem uma melhor gestão dos bens públicos mundiais, a justiça que acalma os rancores, a regulação que responde aos novos abusos de poder ou às desigualdades criadas pela globalização.”
Depois de 70 anos de uma paz mais ou menos tranquila, o continente europeu está ameaçado de desintegração causado pelos populismos das mais variadas espécies, onde questões prementes não foram devidamente equacionadas por uma socialdemocracia efetivamente criadora.
O livro analisa uma realidade conjuntural amplamente intoxicada por uma pandemia mundial, onde emergem imigrações, terrorismos, refugiados, islamofobia, fake news, redes sociais e uma gigantesca incapacidade dialogal política.

Livros que proporcionarão com segurança uma radical redução das mais diferenciadas merdices escritas, faladas e televisadas pelas comunicações pátrias diversas, minimizando bajulismos, alarmismos, fuxiquismos e estatísticas alucinatórias sem mínimo cabimento comprobatório. Além de ensejar a identificação dos nefastos “gabinetes do ódio”, fascistas que pululam por vários quadrantes do vitimado planeta.


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social