1353 – TESTEMUNHOS VALIOSOS


1. No cenário brasileiro do Espiritismo, entre os mais talentosos divulgadores, um se destaca pelo conhecimento e bravura em defesa da doutrina de Allan Kardec: Jorge Rizzini, um paulistano eternizado em 2008, criador, em 1982, do Primeiro Festival de Música Mediúnica, realizado no Teatro Municipal de São Paulo.
Durante mais de 10 anos debruçou-se sobre uma gigantesca pesquisa documental, onde registrou experiências sobre realidade espiritual efetivadas através de fenômenos e análises de notáveis personalidades, entre as quais Leon Tolstoi, Goethe, Victor Hugo, Conan Doyle, Charles Dickens, Victorien Sardou, Guimarães Rosa, Monteiro Lobato, Rui Barbosa e Olavo Bilac, entre tantos outros, que relataram feitos e fatos espíritas que marcaram suas vidas.
Um dos seus livros mais lidos, o que relatou os testemunhos dos acima citados e mais alguns, teve apresentação da sua neta Veridiana Rizzini L. Mantovani, que o considerava “um homem muito especial, descontraído e brincalhão, mas imbatível em seus propósitos, quando se tratava da coerência na divulgação do espiritismo.” O livro intitulou-se:

ESCRITORES E FANTASMAS
Jorge Rizzini
São Bernardo dos Campos SP, Correio Fraterno, 3ª. ed., 2017, 352 p.

Através de depoimentos convincentes, os leitores encontrarão uma excelente oportunidade para se perguntar sobre as suas relações com a outra dimensão, sobre as suas origens e os seus destinos.
O livro é dividido entre testemunhos nacionais e testemunhos estrangeiros. E traz uma Introdução do autor intitulada O espiritismo e os expoentes da cultura universal, onde ele explicita: “Não é nosso objetivo fazer aqui um serviço de estatística. Todavia, recuaremos no tempo e encontraremos Sócrates e Platão. O primeiro, desde a infância ouvia uma voz que o orientava nos momentos cruciantes. Era o filósofo médium auditivo. ‘Essa voz não intervém senão para me afastar do erro’, contava Sócrates, momentos antes de morrer. E declarava: ‘Ela nunca me leva a fazer mal.’”
Citemos algumas citações, para provocar, no futuro, o interesse dos amigos eitores para o conhecimento de todos os relatos:
– “Não julgueis que em todo esse drama há alguma coisa de além-túmulo?” (Fagundes Varela)
– “O espiritismo será a religião de amanhã, porque prova a sobrevivência.” (Monteiro Lobato)
– “A proporção que uma folha se completava, sempre em grafia bem legível, eu ia verificando o que ali fixara o lápis do Chico.” (Agripino Grieco)
– “Ah! tu deves ter sido em tempos longínquos minha irmã ou minha esposa.” (Goethe)
– “Tornei a adormecer. Durou o fenômeno cerca de uma hora.” (Victor Hugo)
– “Considero muito importante pôr em evidência, cada vez mais, o lado religioso do espiritismo.” (Conan Doyle)

2. A ameaça pandêmica da COVID-19-19, forçando um recolhimento compulsório ao lar, me proporcionou a oportunidade de rever notas e reflexões escritas bem dormidas, favorecendo a distinção entre alhos e bugalhos. Linhas -extraídas de vários naipes ideacionais, algumas delas amplamente divulgadas. Algumas delas:
– “Somente a Razão torna a vida alegre e agradável, excluindo todas as Concepções ou Opiniões falsas que podem perturbar a mente.” (Epicuro)
– “A vida que não é examinada não vale a pena ser vivida.” (Sócrates)
– “O que somente pode guiar o homem? Somente uma coisa, a filosofia.” (Marco Aurélio)
– “O homem não pode superestimar a grandeza e o poder de sua mente.” (Hegel)
– “Fazer filosofia é explorar o próprio temperamento, e ao mesmo tempo tentar descobrir a verdade.” (Iris Murdoch)
– “Ser filósofo não é meramente ter pensamentos sutis, nem mesmo fundar uma escola… É resolver alguns dos problemas da vida, não na teoria, mas na prática.” (Henry David Thoreau)
– “O carpinteiro molda a madeira, os arqueiros moldam flechas; o sábio molda a si mesmo.” (Buda)
– “A escrita popular requer a transformação engenhosa, se bem que fidedigna, de questões complexas em questões espantosamente simples – uma tarefa que eu não teria conseguido conceber, muito menos executar, sem uma assistência especializada.” (Lou Marinoff)
O último autor dos citados acima é autor de um livro por mim lido de fio a pavio, que muito bem demonstrou a eficácia da filosofia aplicada aos problemas cotidianos como os atuais:

MAIS PLATÃO E MENOS PROZAC – A FILOSOFIA APLICADA AO COTIDIANO
Lou Marinoff
Rio de Janeiro, Record, 2001, 380 p.

O autor oferece o livro “para aqueles que sempre souberam que a filosofia servia para alguma coisa, mas não conseguiam explicar exatamente para quê.”
O trabalho de Marinoff é composto de quatro partes: I – Novos usos para a sabedoria antiga; II – Administrando problemas cotidianos; III – Além do aconselhamento do paciente; IV – Recursos complementares.
Uma leitura pra lá de oportuna, no momento em que as instituições religiosas estão com suas credibilidades reduzidas, levando-se em conta que a filosofia abarca lógica, ética, valores, significado, racionalidade e tomada de decisão em situações complexas.
E o autor faz uma advertência contundente: “O estudo básico da filosofia deveria fazer parte de toda educação; uma universidade sem um departamento de filosofia é como um corpo sem a cabeça.” Infelizmente, nos últimos tempos os especialistas da área enfatizaram demasiadamente a teoria em detrimento da prática, tornando a filosofia incompreensível e inaplicável para a grande maioria das pessoas comuns.”
Vale a pena ler ou reler Marinoff, para saber enfrentar os problemas causados pela atual pandemia.
As duas leituras acima, excepcionalmente didáticas, destinam-se a pessoas saudáveis em busca de articulações promissoras e nunca nostálgicas com pensadores que marcaram época, na construção de amanhãs mais comunitariamente solidários entre si e vinculados filialmente com a Criação.


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social