1352 – PARA SABER BEM CAMINHAR NA VIDA
Tenho uma admiração acentuada pelo filósofo William James, que um dia assim se expressou num dos seus textos famosos: “A vida humana mais profunda está em toda parte, é eterna.”
Para todos aqueles que buscam combater um existir alienado, vitimista, chafurdento, fuxicoso, ananicado, hedonista, inculto e individualista por derradeiro, recomendo três leitura que muito poderão favorecer um caminhar, mais consequente, mais apropriado, com posturas comportamentais eticamente respaldadas num humanismo evolucionário:
1. A FILOSOFIA DA VIDA COTIDIANA: UMA INTRODUÇÃO SIMPLES AOS GRANDES TEMAS FILOSÓFICOS
Scott Samuelson
Rio de Janeiro, Zahar, 2020, 271 p.
Confesso que não esperava manusear um livro pra lá de arretado, editado este mês, oportuno por derradeiro, para quem sabe resistir civilizadamente à pandemia do COVID-19, e às merdalhadas ditas por mandatários contaminados pelo idioticusvirus, que vitima gente iludida com o atual andar das carruagens brasileira e mundial. Um deles, dirigente maior de nação gigante, é amplamente metido a nada ler, sem a mínima preocupação com o cotidiano conjuntural, egolátrico por derradeiro e amplamente cênico, sempre irresponsavelmente apoplético.
O autor acima, docente no Kirkwood Community College, Iowa City, toma a filosofia de eruditos e vaidosos especialistas, recolocando-a no centro da nossa ambiência comunitária. Segundo ele, deixar os assuntos filosóficos para apenas os doutos é proporcionar um fim trágico tanto para nossas vidas quanto para a própria filosofia. Scott nos guia, com uma didática amplamente desfrescurizada, oferecendo uma generosa exposição sobre as complexidades do cotidiano. Parte de Sócrates e termina suas exposições sedutoras interpretando o que o antropólogo Claude Lévi-Strauss narrou em seu ensaio “O feiticeiro e sua magia”, sobre um índio chamado Quesalid, que acreditava que a arte praticada pelos xamãs de sua tribo não passava de um punhado de truques. Um herói que despertou para uma realidade cotidiana menos fantasiosa.
SUMÁRIO: Prelúdio sobre a poluição luminosa e as estrelas; Parte 1 – O que é filosofia?; Parte 2 – O que é felicidade?; Parte 3 – O conhecimento de Deus é possível?; Parte 4 – Qual é a natureza do bem e do mal?; Conclusão: A coisa mais bonita do mundo; Leituras adicionais recomendadas.
Logo no início do livro, o autor reproduz uma aplaudida metáfora de Mark Twain, também revelando denúncia de um misterioso poeta indiano do século XV: “Eles desperdiçaram seu nascimento em ismos.” Uma bofetada gigantesca nas religiões, afiliações políticas, espiritualidades, identidades forjadas por marqueteiros oportunistas, bananeiros sabidamente populistas e hipnotizadores de abestados sempre massa de manobra.
Uma leitura que minimiza os tédios dos confinamentos indispensáveis. A exigir amplas meditações e releituras.
2. REFLEXÕES: FILOSOFIA E COTIDIANO
José Antônio Vasconcelos
São Paulo, Edições SM, 2016, 400 p.
Um excelente manual didático, destinado ao alunado do Ensino Médio, mas que favorece uma estupenda formação de pais e familiares que não tiveram a oportunidade de ler e debater assuntos conectados historicamente aos atuais tempos da caminhada familiar. Um texto que se dedica a propostas que fortalecem o exercício de todos, favorecendo a ampliação do saber coletivo.
SUMÁRIO: Unidade 1 (Caps 1 e 2) – A filosofia, seu passado e seu presente; Unidade 2 (Caps 4 a 9) – Até onde a inteligência alcança?; Unidade 3 (Caps 10 a 14) – A ação humana no mundo; Unidade 4 (Caps 15 a 17) – Para além do eurocentrismo.
No livro, chamo a atenção para os seguintes assuntos: Realidade e aparência, Ciência e tecnologia, O universal e o particular, Como devemos agir?, A política e o bem comum, Trabalho e justiça social, e Filosofias feministas e seus desdobramentos.
Na Apresentação, o autor, docente da USP, explicita a finalidade do seu texto: “Este livro tem como objetivo ajudá-lo no seu processo de descoberta, de amadurecimento intelectual e de desenvolvimento da autonomia.” Sempre o autor se respaldando numa advertência famosa de Horácio (65 a.C. a 8 a.C.):
“A Filosofia é igualmente proveitosa aos pobres e aos ricos, e, quando desprezada, prejudicará igualmente meninos e velhos.”
3. O PODER DA ESPIRITUALIDADE
William Sanches
São Paulo, Petit, 2015, 200 p.
Seguramente, um livro desafiador. Através de cinco lições, o autor, após um problema que quase o desencarnou, escreve “para quem tem coragem de transformar medo em desafio, talento em conquista e a vida em uma grande união com Deus. Quais são as lições? Ei-las:
a. Coragem de estar consigo mesmo; b. Abundância e prosperidade são um direito de quem não se acomoda; c. Ter coragem de se relacionar; d. O poder da espiritualidade; e. Descobrir o seu segredo anterior.
Um manual que comprova que coragem não é ausência de medo, mas o enfrentamento dele.
E o autor ainda explicita: “É um livro para ser sentido; muito mais que as palavras, são as energias que saem do papel para dentro de você, é a alquimia da junção das palavras que criam energias; quanto mais verdadeiras forem as palavras, mais poder têm.”
Uma leitura para quem busca ampliar posturas solidárias para com os mais desprotegidos e contaminados por uma pandemia que não emergiu por acaso, mas se dissemina para que o mundo perceba os caminhos inseguros que estava trilhando, novamente se direcionando para o seguimento integral das recomendações deixadas pelo Homão da Galileia, nosso radicalmente amado Irmão Libertador.
Dentre as vinte posturas para um relacionamento sadio, uma delas deveria ser fixada nos ambientes brasileiros de todos os níveis sociais e crenças religiosas. Repito-a para os mais intoxicados e mais desatentos:
“Autopiedade é um traço comum entre as pessoas emocionalmente frágeis, aquelas que ainda não reconheceram seu poder. Pessoas com esse perfil têm uma lista de desculpas para justificar suas frustrações. São pessoas que encontram diversas maneiras de melhorar, mas não o fazem, pois se sentem vítimas da própria história. Se você quer mudar alguma coisa, pare de se prender ao que não tem, às suas fraquezas ou ao que lhe fizeram. Apenas comece. Por pequenas vitórias que levam a grandes mudanças; pequenas mudanças, a grandes vitórias !
Em época de pandemia, que todos nos levantemos, sacudindo a poeira e dando a volta por cima!!