1329 – TEXTOS DESABESTALHANTES

Há pessoas que são antenadas, brasileiramente ligadonas com o resto do mundo, sem fobias nem extremismos esquerdopatas ou direitopatas, sempre pondo o amor pelo todo pátrio acima de tudo.
Como social-democrata, recomendo algumas leituras que poderão ampliar a “enxergância” dos que insistem em ver o mundo alienadamente, sentindo-se inteirado da borrasca planetária que se está formando, de consequências imprevisíveis:
1. O Brasil não cabe no quintal de ninguém: bastidores da vida de um economista brasileiro no FMI e nos BRiCS e outros textos sobre nacionalismo e nosso complexo de vira-lata, Paulo Nogueira Batista Jr, São Paulo, LeYa, 2019, 448 p.
O livro mostra a visão cirúrgica, crítica e às vezes irônica, de um economista com postura nacionalista em defesa de um Brasil que tem que abandonar as ações políticas circenses, enfrentando seus obstáculos com bom senso e muita competência estratégica.
Leitura para quem não vê as Ciências Econômicas como causadoras primeiras do caos mundial.

2. Alfabeto da sociedade desorientada: para entender nosso tempo, Domenico de Masi, São Paulo, Objetiva, 2017, 598 p.
Uma coleção de 26 palavras-chave, acurada síntese de conceitos que nos são caros, analisados com franqueza e profundidade, buscando abandonar aspectos que nos tornam infelizes.
Um painel sedutor da evolução humana e de seus aspectos positivos.
O autor é sociólogo italiano, em 2010 tornado Cidadão Honorário do Rio de Janeiro.
Segundo uma orelha do livro “um patchwork de questões cruciais que tenta mostrar o patchwork da realidade, descobrindo-lhe os anexos.”

3. Terceira Humanidade, Bernardo Werber, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2019, 502 p.
Um livro de ficção, irônico e mordaz, com suspense bem dosado e crítica social, sendo considerado um extraordinário manifesto ecológico.
O autor é francês, nascido em 1961, autor do livro best-seller As formigas.
Na introdução, uma advertência de Edmund Wells, enciclopedista: “A vontade de permanecer no mundo antigo é tranquilizadora. O temor de avançar é natural. Entretanto, ao se recusar a mudar, o organismo se esclerosa, sufoca na pele antiga sem revelar seu verdadeiro potencial. Quando um indivíduo consegue ampliar seu campo de visão no tempo e no espaço, sente-se naturalmente tentado a desejar a própria metamorfose e também a dos seres que o cercam.”

4. Crer e saber: pensar o politico, o moral e o religioso, Raymond Bourdon, São Paulo, Editora Unesp, 2017, 297 p.
No Prólogo: “Nas democracia modernas, a sociologia exerce uma influência importante, porém ambígua, sobre o universo das ideias. Em sua dimensão científica, ela realizou um progresso admirável na explicação dos fenômenos políticos, morais e religiosos, mas esse progresso permanece pouco visível.”
Um texto que muito amplia a qualidade da cidadania brasileira, evitando demagogias populistas e fingimentos excrementícios.
Considerada a obra testamental do escritor francês (1934-2013), mundialmente aplaudido pelas suas pesquisas sociológicas sobre mobilidade social e desigualdade de oportunidades.

5. O que é filosofia?, José Ortega y Gasset, Campinas SP, Vide Editoria, 2016, 291 p.
Livro composto das minuciosas aulas ministradas pelo filósofo espanhol, inicialmente na Universidade de Madrid, concluídas em Buenos Aires, ao longo do último trimestre de 1928.
O autor (1883-1955) foi um dos mais prolíficos escritores espanhóis do século XX. Seus trabalhos revelam uma maturidade intelectual portentosa, articulando as mais diversas experiência humanas através das vertentes fenomenológicas, históricas e existencialistas.

6. Os senhores do mundo: de Tutmés III a Napoleão Bonaparte, Hermínio Correia de Miranda (1920-2013), Bragança Paulista SP, Lachâtre, 2016, 336 p.
O autor é um dos mais respeitados pesquisadores espíritas da reencarnação, sendo excelente magnetizador. Uma das linhas de pesquisa da reencarnação desenvolvidas por Miranda consistiu em analisar biografias de vultos históricos, buscando encontrar conexões reencarnatórias entre eles. Um texto escrito em 1964, restaurado para uma nova edição pela escritora kardecista Lygia Barbiére Amaral, que ainda desenvolveu pequenas notas esclarecedoras.

7. Umbral: projeções mentais, testemunhos e resgate espiritual, Abel Glaser e Adriana Glaser, Matão SP, Casa Editora O Clarim, 2019, 304 p.
Para quem ainda não tem ciência, “Umbral é um lugar de passagem, razão pela qual não possui moradas, nem pontos encantadores da Natureza, como lagos, arvoredos com vegetação, flores, frutos, animais e tantos outros detalhes maravilhosos que o Toque Divino concebeu ao Planeta Terra”.
SUMÁRIO: I. Conceito e finalidade; II. Divisões e peregrinos; III. Alguns aspectos relevantes da crosta terrestre; IV. Relatos de habitantes do umbral nebuloso; V. Relatos de habitantes do umbral denso; VI. Relatos de habitantes do umbral pedregoso; VII. Relatos de habitantes do umbral cavernoso; VIII. Relatos de vagantes na crosta terrestre; IX. A vivência de um médium; X. Umbral na Doutrina Espírita.
Os autores, pai e filha, são fundadores e também trabalhadores do CACS – Complexo Assistencial Cairbar Schutel, instituição com a finalidade de dar amparo a pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social e pessoal, integrando família e comunidade.
O livro proporciona uma visão do Umbral e das finalidades da vida terrena, favorecendo a almejada reforma íntima, sem qualquer intuito de estigmatizar nada e ninguém, apenas favorecendo o conhecimento acerca dos erros cotidiano de todos nós, seres humanos.

8. Globalização: as consequências humanas, Zygmunt Bauman, Rio de Janeiro, Zahar, 1999, 145 p.
Diante da ordem do dia chamada globalização, onde países portadores das mais diferenças ideologias governamentais buscam estreitar suas relações comerciais e tecnológicas, o livro de um grande pensador da humanidade (1925-2017) nos remete para uma compreensão mais consistente sobre a encantação mágica contemporânea, desnudando suas raízes e consequências sociais, ao abrir um fosso cada vez maior entre os que têm e os que nada possuem.
SUMÁRIO: 1. Tempo e classe; 2. Guerras espaciais: informe de carreira; 3. Depois da Nação-estado, o quê?; 4. Turistas e vagabundos; 5. Lei global, ordens locais.
Uma análise instigante de um sociólogo que sabia pensar bem e conjecturar magistralmente.

OBSERVAÇÃO: As indicações acima foram especificamente feitas para presentear no Natal pessoas de nível mental superior, já plenamente adultas, que buscam ampliar suas “enxergâncias” sobre os amanhãs brasileiros, planetários e cósmicos.

Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social