1327 – RESULTADO DE UMA REARRUMAÇÃO


Resolvendo adquirir mais duas estantes de médio porte, chão ao teto, aproveitando um saldão de uma loja de móveis e um espaço no quarto de hóspedes, revi páginas notáveis que estavam entocadas em cantos vários do quarto de estudo. E confesso que a releitura das páginas encontradas me proporcionaram imensas alegrias. Resolvi, então, aproveitando o espaço oferecido pelo notável site do Jornal da Besta Fubana, magistralmente coordenado pelo premiado escritor Luiz Berto, para elencar algumas das publicações que voltaram a ocupar lugar de destaque numa parte de uma das estantes adquiridas.
A. A primeira releitura é de autoria do Reverendo Miguel Cox, teólogo, professor e pastor, que reflete de forma estimulante sobre uma das partes mais significativas do Novo Testamento: Amor incondicional – uma reflexão devocional na parábola do filho pródigo, Miguel Cox, Olinda – PE, Babecco, 2013, 81 p. O prefácio é de Leonides de Menezes Ferreira, Bispo da Igreja Episcopal do Brasil, Diocese do Nordeste, que testemunha: “O Rev. Miguel Cox, nesta obra, não apenas nos abençoa com o seu grande conhecimento bíblico, cultural e afinidade com o tema abordado, mas também nos enriquece e emociona manifestando sua intimidade e identificação com Cristo”.
O texto analisado pelo Rev. Cox se encontra no Evangelho Segundo Lucas 15,11-32. Uma leitura que realimenta o desejo de todos os pais que desejam abraçar os filhos que moram muito longe e que nunca mais mandaram notícias. E nos fornece, na última página, uma convocação memorável para todos os filhos pródigos da humanidade: “Reviva, recupere o tempo perdido de quando a sua festa começou e, agora, entre na festa dos arrependidos. A porta está aberta, celebre a vida, o resgaste e o retorno. O seu lugar ao lado do Pai está garantido, ninguém vai roubá-lo de você, nem você poderá ser substituído. Receba de igual modo, o abraço do Pai, que, certamente, é a melhor dádiva que se pode desfrutar nesta vida.” Um livrinho-livrão que muito apreciaria ver todos os filhos distanciados dos seus pais lendo, relendo, retornando e ocupando seu lugar.
B. O segundo livro “estanteado” é da autoria da professora e conferencista espírita de nomeada Dora Incontri: Deus e deus, Dora Incontri, Bragança Paulista SP, Editora Comenius, 2007, 149 p. Outro livrinho-livrão merecedor de múltiplas reflexões, desenvolvido em duas partes. A primeira – Quando deus dá errado – é composta de 4 capítulos: 1. Quando Deus morre; 2. Quando deus se ausenta; 3. Quando deus tiraniza; 4. Quando deus se pulveriza. Na segunda parte – Deus como é – seis capítulos são magistralmente desenvolvidos: 5. Deus está na origem; 6. Deus dá sentido; 7. Deus se põe como fim; 8. Deus habita em presença; 9. Deus se faz medida; 10. Deus se dá em amor.
Segundo ela, “este livro pretende mergulhar o leitor numa meditação sobre Deus. Não é um tratado teológico, mas talvez uma teologia poética, sem abandono da racionalidade.” E mais disse na Primeira Palavra: “Seria reduzir demais a Sua altura achar que Ele aceitasse o louvor e a gratidão apenas de um grupo ou de uma igreja, de uma corrente ou de uma seita. Seria limitar demais a capacidade humana de senti-Lo se apenas uma vertente religiosa, um culto específico devesse possuir o caminho de acesso a ele.”
Um pequeno livro gigante, altamente recomendável para estudos de grupo, favorecendo a solidariedade fraternal.
C. Numa gaveta, bastante amarrotadas, encontro algumas páginas escritas pelo meu irmão querido João Silvino da Conceição, um especialista em reflexões curtas para jovens universitários egressos do nível superior. Escolhi algumas delas, dirigidas aos concluintes de Ciências Humanas de uma instituição superior sediada em João Pessoa. Reflexões-frases destinadas para meditações individuais ou grupais, cada uma delas devendo ser avaliada por todos os participantes. Ei-las:
1. Nem sempre uma pessoa elegante tem classe. Uma pessoa de classe é aquela que sabe se portar, sejam quais forem seus trajes;
2. Gostar do que faz, melhorando o desempenho a cada novo dia, o mais-ou-menos devendo ser considerado como veneno mortal;
3. Evitar as bajulações que é coisa de quem não tem segurança emocional;
4. Entender os mais jovens, jamais os imitando;
5. Ter cuidado ao telefone, inclusive celular, que pode simbolizar baita cafonice, se utilizado inconvenientemente;
6. Falar de intimidade junto a pessoas com quem você trabalha é deselegante, além de muito prejudicial, na grande maioria das vezes;
7. Nunca ter receio de fazer e errar, posto que só se cresce através de erros e acertos;
8. Estar, sem medo, preparado para as mudanças;
9. Saber diferenciar o que é importante do que é urgente;
10. Demonstrar sempre uma simpatia autêntica, sem afetações;
11. Ser pontual, a marca do respeitador dos compromissos dos outros;
12. Transmitir alegria sem afetações;
13. Estar sempre preparado para o inesperado;
14. Perceber-se sempre sobrepairando acima das mediocridades do cotidiano;
15. Perceber-se, a cada amanhecer, filho muito amado da Criação.
Também originários do João Silvino, alguns pontos que evitam prejuízos existenciais, para meditação individual ou em grupo:
1. Evitar afobações;
2. Enganar-se a si mesmo a respeito de avaliação;
3. Vantagens aparentemente boas;
4. Excesso de confiança em seu julgamento;
5. Auto suficiência;
6. Falsas expectativas;
7. Preconceitos;
8. Incompetência no prazer de conviver com parentes e vizinhos;
9. Obstáculos alimentares;
10. Gostar de orar a Deus somente para pedir, nunca para agradecer;
11. Antipatias e grossuras;
12. Não considerar todos como irmãos, filhos de um mesmo Pai.
D. Finalmente, um livro que celebra os dois mil anos do nascimento do Homão da Galileia: Jesus e o Evangelho – À luz da psicologia profunda, Joanna de ngelis (psicografia de Divaldo Franco), Salvador BA, LEAL, 2000, 223 p. Com um prefácio da própria Joanna de ngelis, que diz: “Não pretendemos discutir textos dos Evangelho em nossa modesta obra. … Esperando que a contribuição, que ora apresentamos ao caro leitor, possa despertar estudiosos da psicologia profunda para atualização dos ensinamentos de Jesus, e aprofundamento das questões por Ele abordadas, rogamos-Lhe, na condição de nosso Amigo Inconfundível e Terapeuta Excelente que é, que nos inspire e guarde na incessante busca de auto-burilamento e da auto-iluminação, que nos são necessários.”
Confesso que a trabalheira que tive valeu a pena, por ter-me dado a oportunidade de reler textos que muito alicerçaram a minha caminhada em direção à Luz.


Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social