REFLEXÃO SEMANAL:
INSUFICIÊNCIAS BRASILEIRAS
Recentemente, numa festa familiar comemorativa de 15 anos de uma adolescente autista, parente próxima de amigo querido, um grupo se formou para comentar as atuais IBs – Insuficiências Brasileiras. Os debates foram até altas horas, tudo abastecido por água de coco, guaranás e cachorros-quentes de alto nível. Os principais problemas foram por mim anotados num caderninho, tudo sendo aprovado por um CCC – Consenso Coletivo Cidadão altamente fraterno. Ei-los:
– Um sistema político ególatra, populista, farofeiro, somente voltado para reeleições e emendas nada produtivas, urgindo a redução das agremiações partidárias, existindo apenas três progressistas, três centristas e três conservadoras, eliminadas as extremistas sectárias.
– Um sistema empresarial que nada entende além do que apenas seja lucratividade a qualquer preço, devendo ser mais empreendedor, sempre buscando uma maior qualificação dos seus trabalhadores e dos processos tecnológicos de produção, venda e atendimento.
– Crenças religiosas de nulificantes níveis missionários, minimamente conscientes de seus papéis sociais libertadores, sempre ansiosas por templos e manifestações que apenas visam uma acumulação financeira que favorece tão somente uma minoria dirigente.
– Um setor sindical pouco atuante, recheado de eternos pelegos e bajuladores governamentais, desligados das reais necessidades da classe trabalhadora.
– Uma Educação Fundamental Básica voltada para um não pensar criativo, onde uma quase totalidade dos professores não possui uma mínima qualificação técnico-didática, tampouco mínimos conhecimentos culturais.
– Um nível geral de leitura deplorável, quando não hipnotizante, gerados por tabletes sem densidade cultural, ensejando gigantescos coeficientes de alienação mental.
– Despreocupação quase total, pública e privada, pelo crescimento do analfabetismo funcional, já muito contaminando atualmente o ensino superior público e particular.
– Estudos insuficientes sobre os temperamentos mentais da gente brasileira, que ensejem estratégias educacionais que potencializem emergentes criatividades empreendedoras.
– Imensa fragilidade fiscalizatória dos atuais Conselhos Profissionais, quase todos mais interessados nas inscrições dos novatos graduadosdo que num efetivo e ético exercício profissional.
– Inexistência de balizamentos culturais nos eventos televisivos, favorecendo a multiplicação de novelostas, eventostas, entrevistostas e outras bostas que a nada conduzem senão a sonhos delirantes por uma realidade impossível de ser concretizada.
– Ignorância da quase totalidade dos princípios básicos da IA – Inteligência Artificial, urgindo a necessidade de um gigantesco PGDBPP – Planejamento Geral de Desmediocrização Brasileira Pública e Privada, com a intenção de defenestrar, através de conteúdos efetivamente éticos, atos, fatos, feitos e fakes, práticas educativas, religiosas, políticas, marqueteiras e econômicas que atentem contra os atuais níveis de PCC – Pensação Cultural Contemporânea.
– Ausência de uma geral simancolidade individual (qualidade de perceber-se inconcluso, superado, incompetente, inculto, viciado, autoritário, prepotente, covarde, incapaz e fuxiqueiro)
Além das insuficiências acima, uma sugestão foi aplaudida por todos: a inclusão obrigatoriedade, em todos os tipos de ensino do Segundo Grau, da disciplina INTRODUÇÃO AO PENSAR – O SER, O CONHECIMENTO E A LINGUAGEM, de conteúdo embasado no filme Tempos Modernos, do inesquecível Charles Chaplin, e de uma reflexão do economista sueco Gunnar Myrdal, autor do sempre relido Teoria Econômica e Regiões Subdesenvolvidas, editado há anos no Brasil: “O pior subdesenvolvimento é o mental.”
Alpem de tudo, toda atenção para os fracassos que alavancam sucessos e os sucessos que terminam sepultados!
Ser mais para ter mais, eis um ótimo mote evolucionário para o mundo brasileiro!
Fernando Antônio Gonçalves é pesquisador social